terça-feira, 16 de agosto de 2011

COMO CRIAR UM SONETO

pessoal, estude esta pagina e aprenda como fazer um SONETO

COMO ESCREVER UM SONETO

Introdução

Um soneto é uma obra curta criada para transmitir uma mensagem em seus catorze versos, divididos em dois quartetos (grupos de quatro versos) e dois tercetos (três versos), ou três quartetos e um dístico (dois versos).

Métrica

Em primeiro lugar, os versos devem possuir a mesma métrica, ou seja, o mesmo número de sílabas poéticas. Uma sílaba poética é bem diferente de uma sílaba comum. É possível unir duas ou mais palavras em apenas uma sílaba poética. Veja o verso abaixo:

"Busque amor, novas artes, novo engenho..." (Luis de Camões)

Tente ler esse verso devagar, como se fosse uma só palavra, e vá contando quantas pausas existem até a última sílaba tônica.


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Bus quea mor, no vas ar tes, no voen ge nho
Você encontrou as dez sílabas poéticas, certo? Repare que a expressão "busque amor", aos invés das quatro sílabas comuns (bus-que-a-mor), tem na poesia apenas três sílabas. Costuma-se ensinar as sílabas poéticas como sendo a forma em que são "ouvidos" os versos, por isso a sonoridade é importante em um soneto.


Versos com dez sílabas poéticas são chamados decassílabos. Outra forma famosa de escrever são os versos alexandrinos ou dodecassílabos (doze sílabas), conforme exemplo:"Sinto que há na minha alma um vácuo imenso e fundo..." (Machado de Assis)1 |2 | 3 |4 |5 | 6 | 7 |8 | 9 |10 | 11 |12 |
Sin to quehá na mi nhaal maum vá cuoi men soe fun do
Posicionamento de rimas

Além do número de sílabas, outra característica importante de um soneto é a ordem em que os versos rimam, ou posicionamento de rimas. Para os quartetos, existem três formas principais de posicionamento:

Rimas entrelaçadas ou opostas - abba (o primeiro verso rima com o quarto, o segundo rima com o terceiro):

"Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável..." (Augusto dos Anjos)

"Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido,
Porque quanto mais tenho delinqüido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado..." (Gregório de Matos)

Rimas alternadas - abab (o primeiro verso rima com o terceiro, o segundo rima com o quarto):

"Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada
E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E a alma de sonhos povoada eu tinha..." (Olavo Bilac)

"Quando em teus braços, meu amor, te beijo,
se me torno, de súbito, tristonho,
é porque às vezes, com temor, prevejo
que esta alegria pode ser um sonho..." (Martins Fontes)

Rimas emparelhadas - aabb (o primeiro verso rima com o segundo, o terceiro rima com o quarto):

"No rio caudaloso que a solidão retalha,
na funda correnteza na límpida toalha,
deslizam mansamente as garças alvejantes;
nos trêmulos cipós de orvalho gotejantes..." (Fagundes Varela)

"Nada vai separar; existem laços.
Nem vai desenlaçar, nem nos espaços
Entre os passos que, juntos, damos sós,
Nem antes dos abraços, nem após..." (Bernardo Trancoso)

Os tercetos, por sua vez, são mais flexíveis com relação ao posicionamento das rimas. Fernando Pessoa, por exemplo, usou a estrutura cdc ede nos tercetos a seguir:

"Há saudades nas pernas e nos braços.
Há saudades no cérebro por fora.
Há grandes raivas feitas de cansaços.

Mas - esta é boa! - era do coração
que eu falava... e onde diabo estou eu agora
com almirante em vez de sensação?..."

William Shakspeare, por sua vez, escrevia, ao invés de dois tercetos, um quarteto e um dístico (cdcd ee).

"But thy eternal Summer shall not fade,
Nor lose possession of that fair thou ow'st,
Nor shall Death brag thou wander'st in his shade,
When in eternal lines to time thou grow'st,

So long as men can breathe or eyes can see,
So long lives this, and this gives life to thee..."

Até aqui falei de métricas e de rimas, encontradas na quase totalidade dos sonetos clássicos. Há sonetistas modernos, entretanto, que aboliram esses conceitos, usando versos brancos (sem rima) em suas composições. Martins Fontes escreveu o Soneto Monossílabo, onde cada verso tem uma sílaba apenas.

"Negro jardim onde violas soam
e o mal da vida em ecos se dispersa:
à toa uma canção envolve os ramos
como a estátua indecisa se reflete..." (Carlos Drummond de Andrade)

Sonoridade

O último componente importante de um soneto é a sonoridade, isto é, onde estão as sílabas tônicas (ou fortes) de cada verso. Quando combinadas, essas sílabas fazem com que o soneto se pareça com uma suave canção. Quanto à sonoridade, os versos decassílabos classificam-se em dois tipos: heróicos e sáficos.

"Já Bocage não sou!... À cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento..." (Bocage)

Esses são versos decassílabos heróicos, porque as sílabas poéticas tônicas são a sexta e a décima, indicadas em negrito. Todos os 8816 versos de "Os lusíadas" são decassílabos heróicos. Um verso decassílabo sáfico, por sua vez, reforça a quarta, a oitava e a décima sílaba poética:

"Vozes veladas, veludosas vozes..." (Cruz e Souza)

Finalmente, os versos alexandrinos possuem a quarta, a oitava e a décima-segunda sílaba poética como sílabas fortes, ou a sexta, a décima e a décima-segunda.

Conclusão

O que mais torna um soneto possível? A inspiração, o tema, o conhecimento das palavras e das rimas, que serão mais ricas quanto mais rico for o vocabulário do sonetista. Por isso, a leitura de outros sonetos, poesias e livros é importante.


Music to hear, why hear'st thou music sadly?
Sweets with sweets war not, joy delights in joy:
Why lov'st thou that which thou receiv'st not gladly,
Or else receiv'st with pleasure thine annoy?

If the true concord of well-tuned sounds,
By unions married do offend thine ear,
They do but sweetly chide thee, who confounds
In singleness the parts that thou shouldst bear:

Mark how one string sweet husband to another,
Strikes each in each by mutual ordering;
Resembling sire, and child, and happy mother,
Who all in one, one pleasing note do sing:

Whose speechless song being many, seeming one,
Sings this to thee, 'Thou single wilt prove none'.

William Shakespeare

Mine eye and heart are at a mortal war,
How to divide the conquest of thy sight,
Mine eye, my heart thy picture's sight would bar,
My heart, mine eye the freedom of that right,

My heart doth plead that thou in him dost lie,
(A closet never pierced with crystal eyes)
But the defendant doth that plea deny,
And says in him thy fair appearance lies.

To side this title is impanelled
A quest of thoughts, all tenants to the heart,
And by their verdict is determined
The clear eye's moiety, and the dear heart's part.

As thus, mine eye's due is thy outward part,
And my heart's right, thy inward love of heart.

William Shakespeare

See ya

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